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#17 Uma Jornada com Deus

  • Ana Flávia Barbosa
  • 1 de jun. de 2018
  • 18 min de leitura

No ano de 2016 eu tive a incrível oportunidade de ir morar nos EUA, mais especificamente em NY. Lá eu estudei artes, fiz grandes amigos, amadureci, conheci muito sobre mim mesma e muito sobre a vida; mas como nem tudo são flores, também passei por muitos desafios.


Em NY eu tive alguns dos melhores e piores momentos da minha vida. Encontrei pessoas que eu desejo levar comigo pro resto dos meus dias, mas também entrei em uma depressão muito profunda, por conta de diversas coisas que não estavam certas na minha vida. Longe de casa e da minha família, eu me vi sozinha tendo que lidar com tantas coisas que é até difícil de explicar.


Quando eu fui pra NY, eu havia acabado de "fazer o santo" no candomblé. Aliás, havia um pouco mais de um ano, pra ser mais exata. Quando eu raspei a cabeça e deitei pro orixá em janeiro de 2015, logo percebi que algo estava errado. Mas, como o diabo é traiçoeiro e meche com a nossa cabeça, eu acreditei que havia algo de errado comigo e não com a religião. Eu me culpei, me envergonhei, me deprimi, pois eu acreditei que eu não era digna suficiente daquela conexão com algo tão "santo". As minhas incorporações eram estranhas. Poucas vezes eu sentia que estava completamente tomada pela energia do orixá; quase nunca eu sentia verdade e realização no meio dos rituais realizados durante a feitura. Pra ser honesta, na maior parte do tempo, o que eu sentia era medo.


Alguns dos rituais incluíam tomar um banho com comida podre diante de uma cova aberta (uma cova mesmo, como que pra enterrar um corpo) em mata fechada no meio da madrugada com velas acesas em volta. Ou então, chamarem no seu corpo um espírito chamado "Grá" que, de acordo com eles no terreiro, era um espírito demoníaco que precisava ser invocado em nossos corpos pra que ele se manifestasse e expurgasse tudo de ruim que havia em nós na nossa ancestralidade. Tudo era assustador, mas eu não tinha coragem pra dizer não ou para questionar qualquer coisa. Eles tinham uma palavra pra descrever aqueles que não entendiam nada daquele mundo: "cosi" (fala-se "côssi"), que significa que você é um nada, um ignorante. Os experientes e iniciados nos intimidavam com esse termo, nos humilhando todas as vezes que questionávamos o que estava acontecendo ou perguntávamos algo. "Você é cosi, fica quieto!", ou então "olha só, a cosi querendo se meter onde não é chamada... fica quieta, que você vai entender depois que passar pelos rituais... nós não podemos explicar antes de você passar, então fica quieta". E, dessa forma, eu era coagida a permanecer ali independentemente do que acontecesse, sem nem perceber. Imagina só! Logo eu, sempre tão questionadora e sempre tão independente... Mas é isso que o diabo faz com a gente. Ele manipula, ele controla e ele amedronta ao ponto que ficamos paralisados e com a sensação de impotência.


Isso me faz lembrar de uma passagem bíblica do livro de Neemias. Neemias é levantado por Deus para reconstruir os muros da cidade de Jerusalém que haviam sido destruídos. Quando ele começa a levantar o povo para ajudá-lo, seus inimigos se levantam contra ele, não de forma física, mas primeiro atacando seu ânimo e sua mente.


Neemias 4:1-3

"1 Quando Sambalate tomou conhecimento sobre a obra de restauração das muralhas que estávamos implementando, ficou irado. Ridicularizou os judeus e, 2 na presença de seus compatriotas e dos grandes líderes de Samaria, exclamou: "O que aqueles fracos judeus estão tentando fazer? Será que conseguirão se fortalecer? Irão ainda oferecer sacrifícios? Serão capazes de terminar o que iniciaram em um só dia? Talvez até possam ressuscitar pedras de construção dos montes de escombros e de pedras queimadas?" 3 Tobias, o amonita, que estava ao seu lado, acrescentou: "Mesmo que soergam, uma só raposa derrubará esse muro de pedras.""


Neemias 4:7-8

"7 Quando, porém, Sambalate, Tobias, os árabes, os amonitas e os homens de Asdode foram informados que os trabalhos de restauração dos muros de Jerusalém tinham avançado e que as brechas estavam sendo fechadas, ficaram furiosos. 8 Então, ajuntaram-se todos de comum acordo para virem atacar Jerusalém e nos causar grande preocupação e confusão."


Percebam: as táticas do inimigo são as mesmas sempre. Ele tenta primeiro nos confundir a mente. Ele faz chacota de nós, tenta tirar a nossa coragem e a nossa força de seguirmos em frente com o que pensamos e desejamos. Ele nos confunde. Deus avisou que o diabo é o pai da mentira e que essa é uma de suas maiores artimanhas para nos confundir e corromper. Foi assim que ele fez no Éden com Eva e é assim que ele continua fazendo. Neemias ensina que, para continuar com a reconstrução do muro, eles se apegaram no Senhor, que os fortaleceu para aquela missão. No entanto, naquela época eu não conhecia Deus e não tinha a quem recorrer para me ajudar. A única coisa que eu pude fazer foi acatar os deboches do inimigo e me submeter. Mas Deus sabia disso e Ele estava olhando por mim. Ele via que eu estava sendo enganada e teve misericórdia da minha vida. Tudo que aconteceu comigo cooperou para que eu O conhecesse e entregasse minha vida a Ele e eu dou graças a Deus pela graça que me salvou.


Continuando...


Não vou entrar em mais detalhes sobre rituais do candomblé agora, pois isso é assunto pra outra hora, mas o que eu desejo compartilhar nesse momento é que eu não me senti bem em momento algum dentro do terreiro de candomblé. Eu lembro de ficar esperando pelo momento em que a alegria ia chegar e ela nunca chegava.


Eu falava pra mim mesma:

"Ok, Ana Flávia, mais um ritual e vai aí então você vai sentir a felicidade."

E a felicidade não chegava.

"Calma! Mais esse dia e eu sei que o amor pelo orixá que todos falam que você vai sentir, irá chegar no seu coração."

E o amor não chegava.

"Calma, Ana Flávia, eles dizem que depois da matança dos bichos vai ser tudo tão incrível. Você vai sentir o seu orixá feliz com você e você vai sentir uma presença que vai te preencher por completo e você será feliz."

E isso nunca aconteceu.

"Espera mais um pouco. Falaram que quando tudo terminar, você terá uma conexão direta com os céus. Onde você for, seu orixá irá na frente pra te proteger. Você nunca mais estará sozinha."

E a solidão nunca havia sido tão esmagadora na minha alma.


Como fazer sentido daquilo tudo se meu coração não sentia o que todos diziam que eu deveria sentir? Eu não tinha autonomia nos meus sentimentos. Quem não sentia aquilo que todos falavam que deveríamos sentir ou era chamado de "cosi", como eu havia mencionado, ou então era humilhado com murmúrios das pessoas, falando que você deveria ter feito algo de errado pra que o orixá te rejeitasse. Você se sentia humilhado e com medo o tempo todo. Se você não questionasse e nem se submetesse, você era o ignorante e rebelde; mas se você se submetesse e admitisse que não sentia nada daquilo, então você tinha feito algo de errado e o problema só podia ser você. E não havia perdão. Se você inquizilasse o "santo", ou seja, se você deixasse o orixá irritado com você, sua vida corria perigo. Você poderia até morrer pelas mãos daquele orixá que você desrespeitou, sendo a única saída mais uma oferenda de sangue, se prostrar aos pés daquelas entidades demoníacas para pedir perdão e esperar que eles te perdoassem. Perdão esse que todos diziam que só viria depois deles te castigarem de alguma forma, através de alguma doença, um acidente sério, até mesmo perdendo muito dinheiro. Primeiro você era punido, depois você faria oferendas de bichos com sangue, pra depois esperar e ver se aquilo era suficiente.


Eu não estou exagerando, eu estou apenas contando a verdade de tudo que eu vivi. E eu vivi uma prisão.


Depois dos 21 dias de ritual, presa dentro de um terreiro, passei por mais 3 meses de resguardo, nos quais eu só poderia andar de roupas brancas, não ser tocada por ninguém, não olhar nos olhos de ninguém, sentar e dormir apenas no chão, ter que comer com as mãos, além de muitas outras coisas. No meio desse tempo, usa-se um colar no pescoço chamado "kelê", que é como se fosse o cordão umbilical que te liga com o orixá. Você acabou de nascer pro "santo", então aquele é seu cordão umbilical que fica ali pra te lembrar do seu pacto. O colar é feito de contas e fio de codornê, leva sangue quando estão cortando os bichos em cima de você e ali fica até o pai de santo disser que o orixá te liberou.


No entanto, eu não cumpri esses 3 meses perfeitamente. Cerca de um mês depois do ritual, eu me sentia deprimida, triste, solitária e muito infeliz. Tinha um homem lá de cerca de 40 anos que "gostou" de mim. Ele disse que me amava, que queria casar comigo e começou a me rondar já dentro do terreiro. Quando eu saí, durante os meus três meses de resguardo, ele ia até a minha casa e me trazia presentes. Dizia que queria me fazer companhia e que eu era especial. Eu estava extremamente carente e sozinha, e acabei me envolvendo com ele. Uma noite na minha casa nos beijamos e quase acabamos fazendo sexo. Não fizemos, mas chegou perto disso. E eu de resguardo. Toda de branco. Careca. Com o kelê no pescoço. Com cortes por todo o meu corpo onde foi jorrado sangue de diversos animais e ervas variadas. Supostamente com uma ligação com o divino maior que qualquer outra coisa. E eu quase fiz sexo com um homem e não senti nada. Absolutamente nada. Parte de mim até hoje não sabe porque eu permiti que aquilo acontecesse. Acho que, além da imensa solidão que eu sentia, eu queria colocar à prova a veracidade daquele orixá.


Eles falavam que enquanto você estivesse no resguardo de três meses, você e seu orixá estariam com uma conexão enorme e ele não deixaria ninguém te tocar. E, se por acaso, você fosse tocada por alguém, você incorporaria na mesma hora ou então passaria muito mal. E eu não sentia nada. Nem incorporei e nem passei mal. Eu não sentia prazer beijando aquele homem velho, feio e nojento, mas também não sentia a revolta de orixá nenhum. Ele, simplesmente, não parecia estar ali comigo me punindo. Mais tarde vieram me falar que o orixá não se manifestou, porque ele se inquizilou tanto comigo que ele havia me abandonado. Na época eu senti vergonha, fui humilhada por diferentes pessoas por conta disso, tive que colocar minha cabeça no chão pra muitas pessoas, pedindo perdão por aquilo. Mas a verdade é que eu não havia sentido o orixá em momento nenhum. Desde o início havia algo errado ali comigo, pois até mesmo quando eu permanecia sentada na cadeira, incorporando o orixá, tomando banho de sangue e bebendo sangue podre de bicho em uma caneca como parte de um ritual, eu estava consciente e via tudo. Em momento algum eu senti a grande conexão de amor e paz que aquilo supostamente deveria ter me trazido. Então como assim o orixá me abandonou porque eu me envolvi fisicamente com um homem? Onde ele estava antes disso? Parte de mim até queria que eu adoecesse naquele momento ou fosse severamente punida, pois aí eu teria certeza de que o orixá realmente esteve ali se importando. Mas não. Nem isso.


Obviamente eu sentia algo. Não se passa por tudo isso sem algum tipo de manifestação das trevas. Eu acredito que havia uma presença maligna comigo durante todo o processo, mas não era algo santo que me amava e que se ofenderia comigo. Eu nunca senti amor, apenas medo e vergonha.


Mais tarde, falando com uma pomba gira (feminino de exú), ela me revelou que foi o exú que "andava comigo" que colocou aquele homem no meu caminho pra me envergonhar de propósito, porque eu era muito rebelde e eu precisava me subjugar a eles. Ele precisava me ensinar uma lição de alguma forma e ele conseguiu me humilhar e envergonhar dessa forma, atacando as minhas emoções e colocando um homem para me seduzir e me fazer trair o orixá. Eu fui tão envergonhada e, honestamente, até escrever isso eu ainda sentia vergonha disso. Mas Deus me deu coragem, pois Ele me revelou como eu fui enganada e manipulada o tempo todo. Ele tirou a venda dos meus olhos para lembrar de todas as coisas, todos os detalhes, as palavras de maldição manifestadas contra a minha vida e todos os avisos que Ele me deu durante o caminho sem eu nem mesmo saber quem Ele era.


E por isso eu tenho certeza de que o diabo sabe muito bem quem eu sou, porque ele não teria se esforçado tanto pra me destruir se eu não apresentasse nenhum tipo de ameaça ao reino das trevas. Deus já era comigo desde aquela época. Desde lá dentro do terreiro, durante os 21 dias de ritual de iniciação, Deus me dava sonhos revelando coisas erradas daquele lugar. Eu só não O conhecia e não entendia que era Ele falando comigo. Toda vez que Deus me dava um sonho revelando coisas sinistras sobre tudo o que estava acontecendo, eu contava para o pai de santo, pois era essa a orientação. Ele então arregalava os olhos, ria sozinho e falava ou que era tudo coisa da minha imaginação ou que era coisa fácil de resolver, que só precisava adicionar mais uma oferenda no meio dos rituais e tudo ficaria bem. E assim eu era manipulada e seguia adiante com tudo aquilo.


Mas Deus tinha planos maiores pra mim e Ele já havia liberado um decreto sobre a minha vida, que não completaria um ano e eu já estaria longe daquele lugar. E tudo seria feito através dele, para que eu soubesse mais tarde que sempre foi Ele quem guiou a minha vida. Esse texto aqui não é o meu testemunho completo, mas eu digo que é uma grande parte dele. Um dia antes deu voltar à NY, que foi um lugar de estopim pra minha vida com as trevas, Deus me inspira a escrever algo que eu acredito nunca ter sido capaz de colocar em palavras até hoje. E que assim seja, pra honra e glória do nome dele.


O que eu tenho pra contar aqui é o seguinte: em setembro de 2015, cerca de 8 meses depois deu ter sido iniciada no candomblé, eu escrevi uma carta pra mim mesma e enviei pro meu próprio email. Eu nunca havia lido a carta até ano passado (2017), quando eu conheci Jesus e me converti. E eu vou aqui compartilhar o que eu escrevi pra mim mesma 2 anos antes deu me converter e ainda no processo de pertencer às trevas.





Eis a minha carta pra mim mesma:

OBS: Por motivos de proteger a identidade das pessoas citadas, vou alterar os nomes das pessoas que eu menciono na carta. Meu objetivo não é expor ninguém da minha antiga vida, mas sim contar o meu testemunho para que Deus possa ser exaltado pelo que Ele realizou na minha vida.

OBS 2: Colocarei legenda de algumas palavras que estão escritas em iorubá , para ficar mais fácil a compreensão do texto.


Rio de Janeiro, 15 de setembro de 2015. Ontem eu quase virei na minha santa na faculdade. Liguei pro doté (pai de santo) e ele disse que não havia motivo pra que ela passasse lá, mas eu sei o que eu senti. Foi quase como uma saída de mim mesma. Chorei muito. O João estava lá e ele segurou na minha mão e me acalmou. Engraçado como ele pra mim significa alguém tão especial. Quase como um porto seguro. Sem nem ter a intenção de ser. Quando eu me acalmei ele me falou que quando encostou em mim ele sentiu meu corpo todo vibrando na energia de Oxum (orixá ao qual eu fui consagrada no candomblé). E eu acredito nele... Não entendi até agora o que aconteceu, mas sei que o resto do dia eu senti uma tristeza tão grande. Noite passada eu sonhei com o pedji (quarto) das Oxuns (nome do orixá que reina as águas do rio). Eu entrava lá procurando meu assentamento (sopeira e pratos nos quais se guardam coisas do santo e onde se faz as oferendas) e eu via a Maria, a Emília e a Florinda, todas nuas, segurando seus assentamentos. Eu achava o meu e olhava em volta e a sensação que eu tinha era de que o pedji (quarto) era uma terra seca, sem água. Como a terra de Azawane (nome de um orixá que é "dono" do deserto e da terra do cemitério). Eu vi pratos de louça no chão sem nada em cima e meu desespero aumentou porque as oferendas de Oxum não estavam mais lá. Eu me desesperava com isso. E acordei assim... Assustada. Contei pro doté (pai de santo) esse sonho e ele falou que podia ser Oxum me cobrando que eu mudasse a água da quartinha e desse Osé (significa limpar o assentamento onde dão as oferendas). E eh o que eu vou fazer... No entanto, são duas da manhã agora e eu ainda não consegui dormir. Uma tristeza sem fim tá se apoderando de mim e eu só consigo pensar como eu tenho sentido que nada disso faz sentido. Eu só penso em como tudo nesse mundo não me deixa feliz, mas como Deus eh a única coisa que eu tenho. Eu fechei os olhos e me vi brevemente como uma freira e feliz, muito feliz. Me vi num convento... E como se isso fosse simplesmente a melhor coisa que eu poderia algum dia fazer, abrir mão de tudo (que na verdade não eh nada) e viver minha vida apenas pra Deus. Fico me perguntando que caminho eh esse que Deus está me direcionando. O que será que ele quer de mim? Será que o sacerdócio eh realmente o meu caminho? Eu me sinto tão mundana e tão apegada na maioria das vezes. Será que eu seria capaz? Parece tão longe de ser uma realidade pra mim. Mas será que eh isso? Ou será que nesse período de resguardo eu só estou me sentindo assim pra aprender alguma coisa? Eu estou muito confusa! Preciso falar com o meu psicólogo. Lembro de como ele fala que eu sou carente e eu estou sentindo uma carência enorme. De amor, de carinho, de conforto... Nada que amigos, namorados ou família conseguem suprir. Não que eu ache, pelo menos... Eh uma carência tão grande que faz parecer que só através de Deus. Mas eu falo, falo, falo com Deus e muitas vezes eu me sinto surda pra ouvir as respostas. O que eu estou fazendo de errado? O que fazer afinal de contas? Eu estou com medo... Eu tenho medo de tudo. Fico pensando também se eu, por ter andado muito tempo pelo umbral (um tipo de inferno na concepção espírita), se eu não fiquei marcada. Se meu espírito não está marcado pelo medo do erro, pelo medo da solidão, pelo medo do meu próprio ego e da minha própria conduta. Será que tem como eu me redimir de verdade? Eu estou muito triste... Eu não tenho respostas... Pelo menos escrever me acalma, me traz paz, me conforta... Quase como se eu tivesse falando com Deus, quando na verdade eu só estou falando comigo mesma. Estranho, né? Não entendo bem... Será que pra encontrar Deus eu tenho que vivenciar a mim mesma? O meu eu? Será que ouvir as respostas de Deus significa ouvi-lo dentro de mim? E por isso então que eu não o escuto, pq eu não olho pra dentro? Eu tenho medo... Sempre tive, mas isso me assusta. Eu preciso muito falar com seu Pena Branca ou com a vovó Maria Conga (entidades de umbanda). Eu preciso. Só há conforto em Deus.






Essa foi a carta. Existem outras que falam mais do mesmo, mas essa foi a mais impactante. Como falei acima, todos os nomes são fictícios para proteger as pessoas. Fora isso, essa é a carta original. Pra quem não é convertido, quero poder explicar o que aconteceu comigo aqui. Eu não conhecia Deus nem nada que se referia a Ele. Eu estava triste como nunca havia me sentido antes na vida e, no meio de uma carta, o Espírito Santo de Deus revelou a mim respostas que eu não poderia ter em mais nenhum outro lugar que não fosse no próprio Deus. Através do Espírito Santo eu entendi que a forma de escutar a Deus não é em nada externo e material, mas sim dentro de mim mesma. Não que eu seja algum tipo de divindade, mas porque quando nós aceitamos Jesus, o Espírito Santo de Deus passa a habitar dentro de nós e é Ele quem nos responde. É Ele quem nos dá certeza de Deus, do amor, da salvação, da redenção, da conexão com Deus. É o Espírito Santo de Deus quem testifica a nossa salvação perante o Pai que está nos céus. Mas apenas poderá recebê-lo aquele que crer no sacrifício do Senhor Jesus, se arrepender de seus pecados e for batizado nas águas. Então, o vazio que eu sentia e o silêncio de Deus diante dos meus questionamentos eram apenas uma consequência do caminho por onde eu andava, no qual Deus não poderia habitar. Mas O Espírito Santo me visitava e estava ali, me revelando um mistério! Ele me mostrava em um convento como uma freira. Freiras são mulheres que, na minha concepção, eram casadas com Deus. Eu cresci em uma família portuguesa católica ouvindo isso.


OBS IMPORTANTE: Eu não concordo com a igreja católica, com sua religiosidade exacerbada, nem com sua adoração a ídolos de pedra e madeira. O único que deve ser adorado em verdade e espírito e exaltado acima de todo nome é Deus Pai, Jesus Cristo e o Espírito Santo, que são um. Nenhum outro "santo" (Paulo, Pedro, João, Antônio, etc) da vida, muito menos a mãe de ninguém da Bíblia é digno de adoração. Todos os homens e mulheres usados por Deus são servos do Senhor, mas o poder para salvar, redimir, restaurar, interceder é dEle e apenas dEle. E de mais ninguém. Tudo que esses homens e mulheres fizeram foi realizado através do Espírito Santo de Deus que se manifestou, mas nenhum deles possui poder nenhum para fazer nada. Além disso, nenhum homem é representante de Deus na Terra e nós não precisamos de nenhum intermediário entre nós e Deus. O Espírito Santo de Deus habita nesta Terra e, através do sangue de Cristo, podemos adentrar a porta que leva ao Pai. Jesus ensinou que para falarmos com Deus, bastava que entrássemos no nosso secreto e falássemos com o Pai, que assim Ele nos escutaria. Não precisamos de intermediários.


Mateus 6:6

"Mas quando você orar, vá para o seu quarto, feche a porta e ore a seu Pai, que está no secreto. Então, seu Pai, que vê no secreto, o recompensará."




Voltando...


Eu cresci ouvindo isso: freiras eram casadas com Deus. E, na minha carta, a felicidade estava em uma vida na qual eu me dedicava completamente para isso. Na qual eu era separada para Deus. Agora, me diga: como uma pessoa que nunca ouviu falar desse Deus poderia saber disso? Você pode até falar que eu vim de uma família católica e devo ter ouvido isso em algum momento, mas eu lhe digo que eu cresci ouvindo falar de nossa senhora de Fátima e de Santo Antônio. Jesus, que é bom, nunca! Nunca mesmo. Quando eu ia na missa, recebia um panfleto, mas ficava perdida com a hora de falar "Ele está no meio de nós". E não fazia idéia do que isso significava. Eu nasci em uma família religiosa, não em uma família que conhecia Deus. São duas coisas diferentes.


Então, veja como Deus foi bom comigo! Ele usou uma imagem que eu tinha para me revelar uma verdade sobre o meu futuro: eu sou dele e eu sou separada por Ele. Eu tenho uma marca em mim desde que nasci, pois meus pais me apresentaram a Deus quando eu nasci. Eu estive marcada por Ele todos esses anos e não houve um dia da minha vida no qual Ele não tenha prestado atenção em mim. Deus esteve olhando por mim em todos esses momentos e hoje eu sei que foi por causa dessa marca que quando eu fui entregar a minha cabeça pro diabo naquele terreiro, eu não consegui. Foi por isso que, apesar de tantas coisas feitas contra mim, o diabo não conseguiu me destruir. Eu já pertencia a Ele! E Ele é soberano. Ele sozinho é maior do que o inferno inteiro junto. Jesus venceu a morte e derrotou o inferno. Ele é nome sobre todo nome. Yeshua, a minha salvação!


Pra você que leu até aqui, eu lhe peço desculpas por não continuar. São 1:33h da manhã e eu preciso ir dormir. Quando sentei aqui pra escrever, estava pensando em falar sobre como voltar pra NY seria intenso, mas Deus é soberano e esse blog não é meu, mas sim dEle. Eu sou apenas sua serva apaixonada que é inspirada por Seu Espírito Santo maravilhoso. Essa história é parte do meu testemunho de vida, mas não é todo ele. Muitas pessoas me pedem para saber da minha história inteira, mas eu não vivi pouca coisa; sem falar que Deus ainda está me tratando. Mas se você leu até aqui, saiba que o que Deus fez na minha vida é só uma pequena parte do que eu sei que Ele ainda vai fazer. O meu Deus não é um Deus que faz as coisas pela metade. Ele me escolheu e me levantou por um propósito, e eu estarei aqui para servi-lo conforme Ele desejar até o fim dos meus dias.


Além disso, e o mais importante, é que Ele é o mesmo ontem, hoje e para sempre. Deus não muda, porque Ele é completo e perfeito. Então, se Ele fez comigo, Ele pode fazer contigo também. Ele pode fazer na sua vida o que Ele fez na minha e muito mais, pois eu não sou melhor do que ninguém. Eu sou uma pecadora, assim como qualquer outro. O que fez com que Ele viesse ao meu encontro e me resgatasse das mais profundas trevas é que Deus é um Deus que vê o coração dos homens e não as aparências. Ele viu dentro de mim o quanto eu clamava por Ele, mesmo sem o conhecer. Ele sabia que eu estava sendo enganada e, por isso, Ele teve misericórdia de mim e colocou um limite no avanço das trevas na minha vida. E quando Ele finalmente se apresentou a mim, eu corri pros braços dEle e nunca mais olhei pra trás.


Se eu tive medo? Tive medo das ameaças que me fizeram, mas depois que eu conheci verdadeiramente a Deus eu entendi que não há nada maior que Ele e eu não precisava ter medo. O diabo tenta me destruir e tentará para sempre, enquanto eu servir ao Senhor, mas ainda que eu ande pelo vale da sombra da morte, eu não temerei, pois Deus está comigo. Eu sei em quem eu tenho crido e o meu redentor vive!


Então, se você se sentiu tocado pelo agir de Deus, eu te convido a falar com Ele e fazer uma oração no seu secreto. Se você ainda não O conhece, peça que Ele se revele a ti como Ele fez comigo. Deus conhece o teu coração, Ele saberá a forma de se mostrar a você. Se você já o conhece, mas se sente distante, diga a Ele o quanto você sente a Sua falta. Eu te digo um segredo: Ele também sente a sua! Você é único (a) aos olhos do Senhor e não há outro como tu. Peça que Ele te perdoe das suas iniquidades e lhe guie pelas veredas de Sua justiça, para que tu não peques mais contra Ele. Deus é justo, misericordioso e amoroso. Se você se humilhar e chamar pelo Seu nome, Ele irá lhe escutar. Não há pecado que o sangue de Jesus não consiga redimir diante dos olhos do Pai. Tudo que você precisa fazer é pedir perdão e aceitá-lo como Seu Senhor e salvador. Se você já O conhece e tem uma vida com Deus, te convido a louvar o Seu Santo nome nesse momento! Dê graças a Ele pela sua vida e por todas as coisas que Ele tem feito, inclusive por aquelas que Ele faz sem que você saiba. Agradeça pelo sacrifício de Jesus e pela Sua graça, que é a única coisa que nos basta.


Eu louvo ao meu Senhor e dou graças a Ele por minha vida, pelo sangue do Cordeiro e por Sua misericórdia, que durará para sempre. Eu peço a Ele que cada pessoa que ler esse blog seja coberta pelo sangue de Jesus e tenha a oportunidade de ter um encontro verdadeiro com Ele, de forma que sua vida nunca mais seja a mesma.


Pai amado, sou tua pelo resto da minha vida! Te agradeço, em nome de Jesus! Amém.




 
 
 

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