#1 Vamos falar de Amor
- Ana Flávia Barbosa
- 20 de set. de 2017
- 7 min de leitura
Quero começar esse blog falando da coisa mais importante que existe, que o mundo tanto precisa: o Amor. Embora seja algo de suma importância na nossa vida, o Amor é o sentimento mais difícil de ser compreendido e, talvez, a ação mais difícil de ser praticada pelas pessoas. O Amor deveria vir facilmente a nós, já que é algo que vive dentro das pessoas como uma parte do próprio Deus. Porém, o mundo nos faz tão desconectados uns dos outros e, ao mesmo tempo, de nós mesmos, que não conseguimos trilhar os caminhos mais potentes do amor, que são: ter zelo pelas pessoas, demonstrar estima, apreciação, humildade, carinho, amparo, compreensão, paciência, mansidão e, principalmente, perdão.
Desde que me converti 4 meses atrás, tenho notado coisas estranhas à minha volta que antes eu não percebia. Existe uma desconfiança que paira no ar entre as pessoas quando elas se relacionam que, pra quem para e apenas observa, chega a ser intoxicante. Tóxicos, isso é o que temos sido uns para os outros. Não quero entrar no mérito de falar de guerras no mundo, conflitos políticos, raciais, ideológicos de grandes escalas, por mais que tudo isso entre nessa categoria tóxica; mas minha reflexão agora é sobre as pequenas coisas diárias que acontecem. Estou falando de falta de empatia, de fofoca, de maledicência, de julgar os outros, de ódio, preconceito, inimizades, orgulho... Estou falando de coisas que nos afetam todos os dias, sem deixar ninguém de fora, nem mesmo o "cristão do ano". São coisas que eu vejo nos outros e em mim mesma que me fazem refletir muito sobre o que é, afinal, o Amor.
Na minha vida acadêmica já tive a oportunidade de estudar pensadores que falam muito sobre crises fortes de identidade acontecendo no mundo, onde as coisas que antes eram certas e seguras (como por exemplo os valores morais e éticos de alguém), hoje já não são tão sólidos. As pessoas não sabem mais quem elas são, de onde estão vindo, nem por onde querem ir, nem onde querem chegar. Identidade. Quem sou eu? Quem é você? Quem somos nós? São coisas que quando se estuda numa faculdade parecem distantes da nossa realidade, mas quando olhamos em volta e nos fazemos as mesmas perguntas, também não necessariamente sabemos responder. E eu me pergunto: se eu não sei quem eu sou, o que eu sou, no que eu acredito e qual o meu propósito no mundo, como a minha existência vai impactar a realidade em que eu vivo?
Eu me pergunto isso, pois, se eu creio que eu sou criatura de Deus, criada com o propósito de adorar ao Senhor, não há dúvidas de que a minha postura deve ser diferenciada para que eu transmita os valores de Deus. Se afirmo ser cristã, isso significa que eu escolhi seguir a Cristo e tudo o que Ele pregava: o amor, a mansidão, o compromisso com a verdade, o perdão, a humildade; e isso guiará a minha vida. Em Mateus 5:14-16, Jesus ensinou que somos a luz do mundo e não podemos esconder uma cidade edificada sobre um monte, mas precisamos colocar a luz da candeia no velador, para que ela ilumine à todos em volta. Dessa forma, nós permitimos que a luz que está em nós que vem de Deus resplandeça sobre o mundo e Ele possa ser louvado por isso.

Eu gosto muito do livro de Mateus, aprendo muitas coisas novas com ele cada vez que o leio, por mais que ainda precise de tempo para amadurecer meu pensamento cristão. No entanto, eu sei que posso dividir minhas impressões aqui, e uma coisa me chamou atenção foi a orientação de Jesus em relação à luz. A luz não existe no mundo por si só, nós devemos ser a chama que ilumina o mundo e a todos que nele habitam. Então ser cristão não significa apenas amar a Cristo, mas significa também ter uma responsabilidade enorme que vem atrelada a isso. Ser a luz do mundo!
Quando eu penso no que Cristo ensinou, eu imagino um homem manso e humilde, ensinando sobre um Deus que é Amor. Ele O É. E, como Filho de Deus, Cristo amou a todos, perdoou a todos e morreu pelos pecados de todos. Ele não amou e nem ama o pecado, mas Ele amou e ama o pecador, que somos TODOS NÓS. E mais do que isso, Ele ensinou que o ÚNICO que pode ser juiz, ou seja, condenar ou salvar alguém, é o Pai, que está nos céus. Jesus não julgava pela aparência, mas ensinava sobre o caminho de Deus de acordo com a Verdade. Seus ensinamentos não eram sobre esse mundo ou essa vida. Se nós mal conseguimos compreender esse mundo, como vamos conseguir nos colocar em posição de juízes como se entendêssemos o Reino dos Céus? Impossível!

Mas eu lhes faço uma provocação, que serve pra mim mesma também: olhem em volta, em todos os lugares. Nas igrejas, nas escolas, faculdades, nas ruas, dentro de casa, na política, nas famílias, das amizades, nos empregos, as coisas parecem estar bem? O mundo parece ter luz ou ele parece estar cercado por trevas? Deixando de lado a caridade que você faz aqui e a cesta básica que você dá ali... De modo geral, as coisas andam bem? Andam bem dentro da sua mente? Dentro da sua casa? Com você e todos os seus colegas de trabalho? Dentro da sua família? Não existe fofoca, maledicência, competição, pessoas se passando pra trás, bullying, mentiras, covardia? Palavras sendo ditas para ferir uns aos outros? Dinheiro e fama vindo na frente de caráter e humildade? Como estão as coisas? Há luz no mundo? E se não há, aonde ela nascerá?
Então falemos daquilo que nos cabe: ser a luz do mundo. Isso cabe a todos nós, mas Cristo traz a chave que abre a porta em direção à fonte de luz e vida em abundância. E, em minhas reflexões, eu tenho visto cada vez mais que o Amor é a chave. A Palavra ensina isso, mas tudo o que podemos aprender com os ensinamentos de Cristo só serve se posto em prática. Toda Palavra de Deus precisa ser acompanhada de uma ação, ou seja, uma aplicação no seu sentido mais literal, como um interesse perseverante cujo desenvolver dentro de nós seja por si só uma recompensa. Quando Jesus veio à Terra na forma de um homem, Ele trouxe esclarecimentos sobre como viver verdadeiramente as Leis (Os 10 Mandamentos) que Deus entregara a Moisés. No famoso "Sermão da Montanha" (Matheus 5-7), Jesus explica com clareza e objetividade que os homens devem buscar uma vida de santidade, praticando o que é dito na Lei de forma plena e não apenas superficialmente.

Para ajudar a compreender isso, Jesus falou sobre a parábola do semeador, cujas sementes caíram por onde ele passava: pela beira da estrada, em cima de pedras, no meio de espinhos, para, finalmente, cair em boa terra, onde conseguiram dar bons frutos. A semente é a Palavra de Deus, ou seja, os ensinamentos bíblicos; e aqueles que estão pela estrada são as pessoas que ouvem, mas que se perdem pelo caminho, não tendo chance de dar bons frutos. Aquelas sementes que caem nas pedras são pessoas que recebem os ensinamentos, mas, por não possuírem raízes, com o tempo acabam se desviando de seu propósito. As que caíram no meio de espinhos dão frutos, porém, no meio de coisas do mundo que ainda as prendem (como por exemplo as riquezas, dinheiro, sexo, fama, etc), seus frutos nascem estranhos e imperfeitos. Já as sementes que caem em bom solo são as pessoas que aceitam os ensinamentos, conservam um coração puro, dão frutos bons e perseveram no caminho de santidade. Mas o que isso significa?
Isso significa que não basta apenas ouvir e buscar a Cristo, precisamos ser como Cristo! E o maior ato de Amor de Jesus por nós foi assumir o peso da Cruz para si no lugar dos nossos pecados. Quando Jesus, com seu coração puro e sem pecados, é sacrificado, Ele toma de toda a humanidade a culpa do pecado e nos lava com seu sangue Santo, para que quando o dia do Juízo chegar, Deus olhe para nós através do sangue de Cristo e não pelo que somos sem Ele. E tudo isso por AMOR! E assim, a conclusão chega a ser óbvia: amar como Cristo amou é ter um Amor pleno por todos os homens e mulheres, independente de seus pecados; não os julgando, porém os perdoando. E acredito que essa seja a grande meta para qualquer um que queira ser luz do mundo, que queira iluminar a tudo e a todos por onde passa.

"Mas o fruto do Espírito é: amor, gozo, paz, longanimidade,
benignidade, bondade, fé, mansidão, temperança." (Gálatas 5:19-22)
No entanto, a carne e o espírito vivem em conflito nesse mundo. Deus avisou que viveríamos aflições aqui e, muitas dessas aflições vêm dessa guerra que se trava dentro de nós ao ter que escolher um ou o outro: a luz ou as trevas, a carne ou o espírito, o bem ou o mal. Uma mesma fonte não pode jorrar água doce e água salgada ao mesmo tempo. Portanto, precisaremos prestar atenção no que cultivamos dentro de nós, uma vez que para darmos luz, precisamos ser luz. E para promovermos o Amor, precisamos nos alimentar de Amor. E apenas através de uma vida espelhada em Cristo é que poderemos alcançar isso. O homem, enquanto viver nesse mundo, será passível de pecar. A perfeição só existe nos céus, ao lado de Deus. Jesus, por sua vez, veio ao mundo sem pecados e foi testado de inúmeras formas para ver se Ele era firme em Seu propósito. Ao vencer a morte na Cruz, Ele nos deu a chance da vida eterna através do arrependimento dos nossos pecados e de uma vida Santa ao lado dEle.
Escrevi muito e acho até que dei algumas voltas até chegar aqui, porém eu me dou um desconto, pois ainda estou amadurecendo o meu pensamento bíblico. A única coisa que eu gostaria de complementar antes de encerrar esse primeiro post aqui é que as tristezas que vemos no mundo têm outra explicação além daquela dos pensadores contemporâneos. Quando olhamos em volta e vemos as trevas, precisamos ser melhores do que elas. Precisamos SEMPRE vencer a escuridão que nos assola! Sejamos a luz do mundo e o sal da terra, de forma que possamos dar gosto e vida por onde passemos, ao invés de viver uma existência descartável. Eu oro que Jesus Cristo possa sempre nos lavar com o seu sangue, nos revestir com suas armaduras de guerra e nos revestir de humildade, para que nossas vidas possam ser apenas um reflexo da Graça de Deus.
"E não sede conformados com este mundo,
mas sede transformados pela renovação do vosso entendimento,
para que experimenteis qual seja a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus."
(Romanos 12:2)
A Paz do Senhor!
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